24 de março de 2010

Relatório do Projeto: “As Cores de Redenção”


Nesta sociedade contemporânea na qual impera a exigência de profissionais qualificados, a Secretaria da Educação do Município de Redenção, através do seu Departamento de Ensino, tem priorizado a formação continuada dos professores integrantes da Rede Pública.
Considerando o contexto histórico municipal, que foi a primeira cidade brasileira a libertar os negros escravizados, observando a Lei 10.639/2003 que estabelece a obrigatoriedade do Ensino de História Cultura Afro-Brasileira e Africana em todo território nacional e atentando para a necessidade de atualização e aprimoramento da prática docente, o Projeto “As Cores de Redenção”, foi idealizado e implantado em março de 2009, neste Município.
A ação inicial do referido projeto foi oferecer uma capacitação para os professores de História e Coordenadores Pedagógicos objetivando o aprofundamento das teorias e práticas dos docentes, contribuindo desta forma, para a construção, democratização e ressignificação de conhecimentos. Propôs – se ainda à implementação da Lei 10.639/2003, enfocando a História do Negro dentro do contexto histórico de Redenção com o advento da UNILAB – Universidade da Integração de Lusofonia Afro-brasileira que terá sua sede em Redenção.
Ao longo do curso refletiu – se sobre o ser negro e a negritude como sentimento inserido na alma e no coração do homem. Discutiu – se sobre o grande equívoco histórico de que o africano escravizado sofreu de maneira passiva todos os maus tratos praticados pelos seus senhores, o que não é verdade, porque os processos de luta e organização dos africanos escravizados e de seus descendentes foram permeados de esforços, coragem e indignação, e não apatia ou passividade, como se acreditou durante muitos anos no Brasil. Vimos também que após a libertação oficial, instituída por força da lei, a resistência negra tomou outras formas, os negros brasileiros tiveram que programar um longo e árduo processo de construção de igualdade até porque a nova situação não foi aceita de forma imediata pela sociedade brasileira. Compreendeu – se que o processo cultural é dinâmico e que a força da matriz religiosa é fator importante na construção das identidades culturais, e, de forma nítida percebe - se a presença negra e sua contribuição na formação do patrimônio histórico - cultural brasileiro.
A abordagem metodológica de cada tema possibilitou a percepção e o resgate da contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política do Brasil, além de ter embasado as discussões referentes aos conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentais. Foi notória e relevante a participação, o envolvimento dos educadores, o despertar para uma conscientização no campo da aceitação do outro, bem como, a quebra de paradigmas e a mudança de posturas.
O Departamento de Ensino destaca também o compilamento do Acervo Histórico sobre a temática, a partir das pesquisas realizadas pelos atores envolvidos no projeto e ressalta a participação da comunidade educativa.
Urge o rebento das algemas da ignorância, como outrora fizeram os negros escravizados! Acreditamos que isto será possível através da educação.

Maria Anália Pinheiro de Lima
Diretora do Departamento de Ensino