21 de novembro de 2011

Oficina RNBE educar é um ato de amor


Com o objetivo de desenvolver habilidades de equilíbrio e serenidade para manutenção do autocontrole em situações de conflitos, refletir sobre as formas de educação embasadas no amor, na confiança e no diálogo e discernir autoridade e autoritarismo, a Secretaria Municipal da Educação do Município de Redenção realizou a Oficina RNBE “Educar é um Ato de Amor”. 
A oficina foi proposta com atividades de acolhida, momento espiritual e a dinâmica “Túnel do Tempo”, onde através de desenhos, os participantes puderam viajar no bonde do tempo e lembrar dois momentos da infância: um positivo e outro de conflito com os pais e teve como público-alvo, a Equipe Técnica, Coordenadores e Supervisores da SME. 
A Socialização destacou as sensações e sentimentos vivenciadas mostrando que os castigos físicos e humilhantes deixam marcas profundas na criança que repercutem na fase adulta.

A utilização deste material foi recomendada e orientada pela secretaria da Educação de Redenção durante a realização da Oficina: “Educar é um ato de Amor” com os professores (as) da Rede Municipal de Ensino.

O que são castigos físicos e humilhantes?
É uma forma de violência aplicada por uma pessoa adulta com a intenção de disciplinar para corrigir ou modificar uma conduta indesejável.
É o uso da força causando dor física ou emocional à criança ou adolescente agredido.
É uma forma de violência contra a criança e uma violação de seu direito à dignidade e integridade física.
Abaixo seguem alguns exemplos:
Palmadas;
Beliscões;
Tapinhas na mão ;
Pontapés;
Puxão de cabelo;
Rejeição ou desqualificação da criança ou do adolescente;
Bater com a mão ou com um objeto (vara, cinto, chicote, sapato, fios)
Xingamentos, humilhações;
Castigos excessivos, recriminações, culpabilização;
Ameaças;
Uso da criança como intermediário de desqualificações mutuas entre os pais em processo de separação;
Responsabilidades excessivas para a idade;
Sacudir ou empurrar a criança;
Clima de violência entre os pais e de descarga emocional em cima da criança;
Obrigá-la a permanecer em posições incômodas ou indecorosas;
Obrigá-la a fazer exercícios físicos excessivos;
Surras;
Chacoalhar a criança.
Pais e educadores

Educar os filhos não é uma tarefa fácil. O relacionamento entre pais e filhos é cercado de expectativas, que quando não são satisfeitas acabam gerando frustrações e muitas vezes desentendimentos. As razoes que levam a isso são diversas. Por um lado nem sempre temos condições para dar a nossos filhos o necessário para um crescimento saudável e às vezes esperamos que eles sejam iguais a nós, ou ainda, que eles sejam aquilo que gostaríamos de ter sido e não fomos.          

Muitas vezes acreditamos que a melhor forma de educá-los ou conseguir que façam o que achamos melhor para eles é através da rigidez e do uso de castigos físicos ou humilhantes, o que nem sempre funciona e pode ter efeitos nocivos ao pleno desenvolvimento da criança. Muitos pais justificam o uso do castigo físico dizendo que tentaram educar na conversa e não deu certo. Isto pode ocorrer por diversos motivos, mas geralmente ocorre por falta de consistência na aplicação de estratégias positivas de educação.  

Um caminho para isso é a educação baseada no respeito e em estratégias positivas de educação e de promoção da participação infantil na família. No entanto, o aprendizado dos métodos positivos de educação não é rápido e a sua incorporação por toda a família é tanto mais demorada quanto mais tempo tiver sido usado o castigo físico como medida disciplinar. Para que um novo padrão de relacionamento baseado no diálogo e na participação da criança dentro da família seja estabelecido é preciso ter paciência e persistência.          

Impor limites com a participação da criança no processo educativo e disciplinar, dialogando, negociando consensos é um processo demorado e muito mais trabalhoso do que um tapa ou chinelada. No entanto tem efeitos mais positivos e sustentáveis no longo prazo. E o que é mais importante, demonstra o respeito que a criança merece como o ser humano que ela é igual a cada um de nós!
Dicas de Educação
O que fazer quando os conflitos familiares se convertem numa constante e explodem por qualquer motivo? Como assumir e expressar raiva, medo, frustração ou tristeza, sem ter a impressão de colocar em risco o amor e a confiança? Como formar e educar as crianças sem recorrer ao castigo físico?
Estratégias de educação positiva são aquelas formas educativas que não utilizam a violência física e psicológica e que promovem o desenvolvimento físico, emocional e social dos filhos de forma saudável e participativa. Educar não é nada fácil. Depois de um dia inteiro de problemas, mães e pais chegam em casa e precisam cuidar dos filhos. E as crianças querem atenção, nem sempre obedecem logo, pedem tudo. É muita pressão.
Nessa hora a palmada ou um tapinha de leve parecem uma boa ideia. Sem que a criança entenda direito, os mesmos pais que dão comida e beijinho de boa noite, de vez em quando aparecem com o chinelo na mão. Para não apanhar, as crianças passam a preferir a distância e o silêncio. Mentem para evitar brigas, escondem seus erros. Aos poucos, quase nada se resolve sem gritos ou ameaças. E o resultado disso é que as crianças, ao invés de respeitar os pais, ficam com medo deles.
Muitos pais apelam para a violência porque é comum acreditar que é a melhor forma de manter a autoridade e de proteger os filhos. Antigamente se achava que castigos físicos e humilhantes faziam parte da educação. Hoje, se sabe que não é bem assim. Existem formas carinhosas de educar que dão resultado. Reunimos aqui algumas dicas de educação que você pode aliar a estratégias específicas de educação positiva, para garantir ao seu filho um desenvolvimento pacífico, feliz e livre de violência.

1. Se acalme. Respire fundo antes de chamar a atenção do (a) seu (ua) filho (a). Evite discutir os problemas sob o efeito da raiva, pois dizemos coisas inadequadas para a aprendizagem das crianças, que as magoam tanto quanto nos magoariam se fossem dirigidas a nós!
 2. Sempre tente conversar com as crianças, mantendo abertos os canais de comunicação.
Entender porque algo está acontecendo ao conversar com a criança é o primeiro passo para juntos vocês encontrarem a solução!
 3. Mostre à criança o comportamento mais adequado dando o seu próprio exemplo.
Beber suco diretamente da garrafa irá ensiná-lo que esse é um comportamento adequado. Assim como falar mal das pessoas depois de encontrá-las. Seu filho aprenderá muito mais com o seu exemplo do que com o que você diz a ele sobre o que é certo ou errado.
Isso vale também para os pequenos atos de higiene do cotidiano: escovar os dentes, lavar as mãos antes de comer, etc. É mais fácil para a criança criar e manter essa rotina se você também a realiza.
4. Jamais recorra a tapas, insultos ou palavrões.
Como adultos não queremos ser tratados assim quando cometemos um erro... Então não devemos agir assim com nossos filhos! Devemos tratá-los da maneira respeitosa como esperamos ser tratados por nossos colegas, amigos ou pessoas da família, quando nos equivocamos. As crianças são seres humanos como nós!
5. Não deixe que a raiva ou o stress que acumulou por outras razões se manifestem nas discussões com seus filhos.
Seja justo e não espere que as crianças se responsabilizem por coisas que não lhes dizem respeito.
6. Converse sentado, somente com os envolvidos na discussão.
Isso contribui para uma melhor comunicação. Mantenha um tom de voz baixo e calmo, segure as mãos enquanto conversam - o contato físico afetuoso ajuda a gerar maior confiança entre pais e filhos e acalma as crianças.
7. Considere sempre as opiniões e ideias dos (as) seus (as) filhos (as).
Afinal muitas vezes suas explicações pelo ocorrido não são nem escutadas. Tome decisões junto com eles para resolver o problema, comprometendo-os com os resultados esperados. Se o acordo funcionar, dê parabéns. Se não funcionar, avaliem (juntos) o que aconteceu para melhorar da próxima vez.
8. Valorize e faça observações sobre os aspectos positivos do comportamento deles (as).
Elogios sobre bom comportamento nunca são demais! Cuidado para não atacar a integridade física ou emocional da criança fazendo com que ela sinta que jamais poderá atender suas expectativas!
Ela colocou a roupa suja no cesto de roupas? Elogie. Assim como o desenho que a criança fez, o fato dela ter conseguido colocar a calça sozinha, o fato de ela contar uma história para você ou colocar algo no lugar que você pediu.
9. Busque expressar de forma clara quais são os comportamentos que não gosta e te aborrecem.
Explique o motivo de suas decisões e ajude-os a entendê-las e cumpri-las. As regras precisam ser claras e coerentes para que as crianças possam interiorizá-las!
10. "Prevenir é melhor que remediar, sempre”. Gerar espaços de diálogo com as crianças desde pequenos colabora para que dúvidas e problemas sejam solucionados antes do conflito. Integrá-las nas atividades do dia-a-dia evita que tentem chamar a atenção por outros meios.
Você precisa fazer compras e terá que levar com você seu filho pequeno. Você pode deixá-lo ajudar nas compras; conversar com ele sobre o que está comprando – peça-lhe para falar o que ele acha de um determinado produto; se for uma criança mais velha, ela pode ter maior mobilidade e ir pegar outros produtos enquanto você está em outro setor do supermercado.
11. Se sentir que errou e se arrependeu, peça desculpas às crianças. Elas aprendem mais com os exemplos que vivenciam do que com os nossos discursos!
12. Procure compreender a criança e saber o que esperar dela na fase de desenvolvimento em que ela se encontra.
Uma criança de 1 ano e meio já consegue se alimentar sozinha e este é um comportamento que deveria ser estimulado pelos pais e/ ou cuidadores. Mas eles devem ter paciência e, ao invés de se irritarem com a “lambança” que a criança irá fazer estimulá-la a se alimentar por conta própria. Colocar um plástico ou jornais embaixo da cadeira que a criança está comendo torna mais fácil limpar o local depois da refeição.
13. Deixe as consequências naturais de o comportamento inadequado acontecer ou aplique consequências lógicas.         
Consequência natural: a criança está brincando de maneira violenta com seus brinquedos. Você a avisa que ele pode se quebrar, mas ela continua a brincar da mesma maneira até que ele finalmente se quebra. Logo em seguida ela pede para você comprar outro. Neste momento, você deve relembrá-la do aviso que lhe foi oferecido e negociar com ela esta nova compra.

Consequência lógica: a criança não cumpre com o que foi acordado com os pais sobre xingar os irmãos. Ela, então, ficará no “cantinho do castigo” o tempo adequado para a sua idade.
Importante: consequências são diferentes de punições. Estas últimas machucam as crianças, fisicamente e emocionalmente deixando-as com raiva, inseguras e tristes. As consequências ensinam. Essa estratégia, no entanto, não deve ser usada quando significar submeter à criança a situação de perigo.

Alimentando o ciclo da violência

O uso do castigo físico infligido a uma pessoa faz parte de um “ciclo” de violência. Entretanto, muitos pais ainda não enxergam dessa forma, pois esta metodologia educativa está fortemente legitimada em nossa sociedade. Os pais que utilizam a tapa, a palmada ou a chinelada para educar o fazem acreditando que estão fazendo o melhor para seus filhos, mas não percebem que, na verdade, estão infringindo o direito que as crianças possuem (assim como qualquer outro ser humano) ao respeito pela sua integridade física e dignidade humana.

Se a violência física contra um adulto não é aceitável socialmente, sendo passível inclusive de sanções legais, porque a violência contra a criança deve ser aceita? Os pais não veem que, ao utilizarem o castigo físico, estão abusando da diferença de poder que existe numa relação entre um adulto e uma criança.

Efeito dos castigos
Os efeitos do castigo físico e humilhante não podem ser generalizados para todas as crianças, pois dependem da experiência de vida de cada um e da configuração familiar em que a criança encontra-se inserida. Entretanto, uma consequência direta do uso do castigo físico é o aprendizado, por parte da criança, de que a violência é uma maneira plausível e aceitável de se solucionar conflitos e diferenças, principalmente quando você está em uma posição de vantagem frente ao outro, principalmente física (como no caso do adulto frente à criança). E este aprendizado é transportado para outras relações da criança, como para a sua relação com um irmão mais novo, por exemplo. Também percebemos que, em muitos casos em que a criança sofre com castigos físicos e violências psicológicas frequentes, ela pode apresentar um perfil retraído, introvertido. Se a criança não tiver uma rede de apoio forte (outros parentes ou outras pessoas que lhe sejam significativas e que lhe tratem de maneira diferente), a sua autoestima fica tão comprometida que vemos como consequências a insegurança, o medo, a timidez, a passividade e a submissão.  

Muitas vezes, a violência física e/ou psicológica acaba acontecendo num rompante, e não por metodologia. Nestes momentos os pais podem sentar com seus filhos e serem sinceros com eles, explicando que perderam o controle e que se arrependem por isso. Este tipo de atitude é um ótimo exemplo de humildade e de respeito para com o outro. Ao sentarem para conversar com seus filhos, os pais darão o exemplo de que pedir desculpas não é algo do qual a criança deva se envergonhar e de que errar é humano, que nem sempre eles, pais irão acertar em tudo, apesar de sempre desejarem o melhor para seus filhos. Além disso, este é um ótimo momento para ouvir a própria criança e procurar, juntamente com ela, estabelecer as “regras” de convivência para todos dentro de casa. Por exemplo, o pai ou a mãe podem identificar que não agiram da melhor forma porque foi justamente no momento em que chegavam estressados do trabalho. Junto com a criança, eles podem conversar com ela e estabelecerem juntos que, quando isto acontecer, eles precisarão de um tempinho para respirarem fundo, relaxarem e, então, darem a atenção de qualidade que a criança merece.

Participação Infantil
Envolve encorajar, estimular e permitir que as crianças expressem suas opiniões sobre os assuntos que lhe afetem. Na prática, significa que os adultos devem escutar as crianças e, mais do que isso, considerar as suas opiniões. Engajar as crianças no diálogo e troca permite que elas aprendam formas construtivas de influenciar o mundo ao redor delas. A participação deve ser autêntica e significativa e deve começar com as próprias crianças e adolescentes, com suas expressões, forma de pensar, sonhos, ideias, esperanças... Isto requer, na maioria das vezes, uma mudança radical no comportamento e modo de pensar dos adultos.
Participação infantil é importante porque:
·      Pode contribuir para sua formação e para o desenvolvimento de valores, atitudes, habilidades e capacidades para o exercício da cidadania e para a atuação social desde a infância.
·      É uma forma concreta de se reconhecer os direitos da criança, sua condição de sujeito social.
·      Contribui para o processo de socialização da criança.
·      Facilita a convivência entre pais e filhos na família, assim como a execução dos projetos e programas sociais que trabalham para e/ou com crianças.
·      Garante o reconhecimento social das crianças e adolescentes e promove o desenvolvimento da sua consciência coletiva como grupo social.
Promover a participação infantil encontra obstáculos e desafios porque:
·      Há difundido na sociedade uma visão de infância que enxerga a criança como um objeto, propriedade dos pais, que recebe de forma passiva, como um receptáculo vazio, os conhecimentos passados pelos adultos.
·      As relações entre adultos e crianças tendem a ser assimétricas e autoritárias (adulto X criança).
·      Há ausência de políticas públicas que facilitem a participação de crianças, especialmente nas esferas de decisão (dentro da família, da escola, da comunidade, etc.), bem como o limitado apoio governamental às iniciativas de crianças e adolescentes.
·      Inexistência de canais de participação nas estruturas e espaços de socialização em que as crianças atuam.
·      Adotam-se enfoques e estratégias metodológicas equivocadas / inadequadas de programas e projetos que não favorecem a participação das crianças e adolescentes.
·      Faltam recursos humanos capacitados para encorajar processos participativos.
Vantagens da participação infantil para a criança:
·      Ajuda o desenvolvimento de melhores níveis de autoestima, segurança, autonomia, domínio de habilidades sociais.
·      Promove o desenvolvimento de capacidades de expressão de sentimentos e ideias.
·      Melhora a capacidade de inter-relação pessoal, o diálogo com o adulto, o tratamento de conflitos, a elaboração de propostas, a percepção da sua realidade e senso crítico.
·      Contribui para reforçar a integração social das crianças.
·      Reforça os valores de solidariedade e democracia.
·      Desenvolve habilidades para assumir responsabilidades.
·      As crianças e os adolescentes obtêm maior conhecimento sobre seus direitos.
Vantagens da participação infantil para a família:
·      Possibilita a construção de canais de diálogos fortalecendo a relação entre pais e filhos.
·      Promove uma maior confiança e respeito entre pais e filhos.
·      Possibilita que os pais conheçam mais sobre como seus filhos se sentem e pensam.
·      Promove o estabelecimento de regras de convivência junto com os filhos.
·      Possibilita o maior cumprimento das regras de convivência em casa e fora dela.
·      Promove um ambiente familiar mais equitativo entre todos os seus membros.
Vantagens da participação infantil para a sociedade:
·      Promove relações mais equitativas entre adultos e crianças
·      Influem nas visões dos adultos e das próprias crianças.
·      Cria condições para uma presença maior das crianças e dos adolescentes nas organizações e instituições comunitárias.
·      Gera maior apoio governamental às iniciativas das crianças e adolescentes.
·      Forma as crianças para o exercício de sua cidadania e liderança.
·      Contribui para o desenvolvimento de mecanismos que garantem que as crianças sejam ouvidas e que sua opinião seja levada em consideração.

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(Material pesquisado no site  www.naobataeduque.org.br -  Rede Não Bata Eduque em outubro de 2011).
  (VIDE também o BOLETIM Julho e Agosto /2011 da RNBE)